segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Entrega

Ela não sabia sonhar.
Será que por isso o sono sempre lhe foi tão difícil?
Desde criança desenvolveu-se atalaia, alerta contra surpresas, que sempre lhe eram mal vindas.
O estar desperta sempre foi uma ordem.
O maior temor sempre fora entregar-se.

Entregava-se ao sono, perdia a hora;
Entregava-se ao outro, perdia a paz;
Entregava-se à luta, perdia o ar...

Decidiu entregar-se a si mesma, e logo de cara recebeu sua cimitarra.
Parecia desgastada.
A empunhadura, comprometida pelo descaso de anos, encontrava-se fragilizada.
Mas o aço nobre de que era feita, garantiu a durabilidade e a espera pelo momento da entrega.
Mal sabia manejá-la, mas sempre soube acolher. Foi-lhe fácil aprender.

Assustada? Bem, estava! Mas estava pronta pra entregar-se a si mesma e travar suas próprias batalhas, todas internas.
Como companheiras, uma Presença Sensível e a força de que sempre, sempre dispunha.

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Do sentir...

Preciso escrever quando não consigo falar. Preciso escrever quando o sentir me assombra. Mas quando o sentir me destrói, preciso me ouvir...