sábado, 11 de janeiro de 2014

A criatura que virou hipopótamo...

Mas que triste destino tem alguém que, diante de tantas palpitações, escolhe não ser ninguém?
Mas que triste destino possui essa alma que, apesar de possuir tanta força, opta por enfiar o próprio pescoço em uma forca?
Que pensamentos terá quando deita, quando a vida que tem não o deleita?
Que lampejos de vida ignora, se desperdiça em si mesmo cada aurora?
Nasceu para germinar algo novo, ou ainda enclausura-se em seu ovo?

Concebido para ser robusto, nunca passou de um arbusto
camuflando o que sequer existia.
Recebeu nome do pai, que garboso! Mas de si mesmo nunca reconheceu sequer o rosto.
Espelho? Sim, possuía! Mas por mais que se olhasse nada via.

Ensaiou várias vezes transgredir. Romper! Crescer! Produzir!
Mas tudo lhe era pesado, penoso, enfado, pois que alma botar ele ali??

Por fim, concluiu que ser Homem daria muito trabalho. 
E sem garantias de ganhos, não estaria disposto.
Foi assim que um Ser concebido pra amar (?), escolheu, sem pestanejar,
se anular, engordar, ruminar e mofar. 
Usar em voltagem oposta a energia que pra si estava proposta.
Seria, então, hipopótamo! Mergulhado em sua própria bosta!

*Em memória de uma alma perdida para sempre.








Do sentir...

Preciso escrever quando não consigo falar. Preciso escrever quando o sentir me assombra. Mas quando o sentir me destrói, preciso me ouvir...